A informação rasa, a IA, o joinha e o acúmulo de conhecimento.

O uso de IA começa a esboçar um novo mundo, exatamente igual ao anterior, onde análises rasas, superficiais e geralmente equivocadas superam em muito as realizadas com cuidado, conhecimento e profundidade.

Isso me preocupa, não a concorrência com uma enciclopédia que auto seleciona itens e os encadeia em uma ordem compreensível.

Um arquivo capaz de selecionar referências dispersas, dados duvidosos, históricos desatualizados e guiados por mais um desses sistemas internos misteriosos e desconhecidos.

Ou seja, mais ou menos o que sempre aconteceu, de maneira a jato.

Como dizem ser o lema da cavalaria : rápido e mal feito.

Evidente que espalhar notícias no texto e citar números não constitui análise de coisa alguma, nem reflexão e muito menos projeções.

Uma espécie de Conselheiro Acácio online.

Como esses algoritmos de funcionamento da bolsa que projeta comportamento futuro baseado no passado, que funciona porque condiciona exatamente os robôs que compram e vendem aos bilhões, mas que não estão lidando com o futuro senão com o passado.

Assim essas IAs espalhadas agirão, disparando compra e venda baseado no comportamento anterior.

Isso sugere um controle sobre o futuro, mais uma ferramenta de condicionantes, de amarras, de previsibilidade diante do desconhecido.

Pode servir para tarefas desse tipo, penso, de pesquisa e levantamento de dados, seria um ótimo uso, mas para estudos e análises de conjunturas e pensar o futuro, não serve.

E aqui voltamos ao ponto, porque dispõem para uso o óbvio, o fácil, aquilo que já existe, disponível para uso das necessidades menores e corriqueiras, enquanto o pensar grande e abrangente , perspicaz e culto, permanece inacessível ou controlado .

Do mesmo jeito que sempre foi.

Me preocupa também a velocidade do ato em si, quando a pesquisa que buscava caminhos encontra atalhos disponíveis por deus sabe lá por quem, e nesse rumo e acelerado, o trabalho simplificado acaba por ser trabalho nenhum.

Muitas atividades estariam supostamente ameaçadas por esse nova tecnologia, até votos de casamento fornecidas pelos robôs estão ganhando espaço.

E é esse exatamente a questão, porque se nada temos a falar ao outro no dia do próprio casamento, repetir as palavras do robô não me parece razoável.

Mas provavelmente será, e não muda nada, ou muda o que não faz diferença, além da rapidez.

Quer dizer que não vai mudar nada?

Vai mudar muito e a essa altura de forma imprevisível, o que tento expressar é que não muda a natureza das coisas, das relações de poder, do conhecimento.

Acelera somente na mesma direção do mundo anterior.


Deixe um comentário