
Considerando o resultado das últimas votações principalmente na Câmara, onde a desorganização da base de sustentação do governo permanece fluida, com deputados revezando hora na situação e hora na oposição, e avaliando a constante mas reduzida quantidade de membros e votos da oposição , chegamos na paradoxal conclusão que tanto governo com seus 130 votos, tanto oposição com seus 100 votos, falando da Câmara dos deputados, estão em minoria na Casa.
Porque do total de 513 deputados e descontados ambos, oposição e situação, ainda sobram 283 votos.
Resta perguntar quem está em maioria então.
Seria Lira, talvez algum líder de federação?
Penso que não, a maioria não está com ninguém, embora esteja em disputa e algumas vozes possam ser mais ouvidas que outras, dependendo da matéria em discussão.
Daí essa tentativa de reeditar as bancadas temáticas, boi bala e bíblia, porque esses interesses ultrapassam limites partidários e os desorganizam.
Lira joga o mesmo jogo, a sua maneira, invocando a suposta maioria conservadora do atual Congresso, tentando servir de referência sobretudo das pautas econômicas liberais aprovadas na legislação passada, que diz defender.
Esquece que elas foram derrotadas na eleição e Deputados e Senadores não são normalmente eleitos por pautas específicas, digo na sua maioria, mas por questões paroquiais intrincadas e propostas das mais diversas.
Quem discute a pauta nacional é a eleição para presidente.
Então ninguém tem a maioria e como ficamos?
Penso que vai seguir assim mesmo, o governo vai colhendo vitórias e derrotas pontuais, jogando o peso em matérias que julga imperdíveis, Reforma Fiscal, Âncora e vai construindo sua base nesses termos até clarear o caminho e os rumos do pais.
A questão do acerto das políticas econômicas condiciona a relação com a população e por consequência com o Congresso, que reage segundo os humores de seus eleitores nos estados e municípios.
Essas decisões iniciais do governo e seus encaminhamentos para aprovação no Congresso apesar de enfrentar resistência aqui e ali, devem todos passar, digo as relevantes, até porque nesse início a classe política acompanha as expectativas e aguarda os resultados.
E o resultado tem que ser positivo.
Quanto ao Senado ainda estamos por desvendar seus rumos, aparentemente mais favoráveis a um acerto mais ameno e constante com o governo, o teste a curto prazo será a votação do veto da Câmara a MP do Saneamento, do resultado dessa votação teremos sinais para avaliar a relação.
Fica pra próxima.