
O Capitão Bolsonaro é uma espécie de precursor de um estilo sindicalista com prática subversiva no interior da Forças Armadas, um estilo provocador, violento e sabotador, como seria esperado de alguém com sua visão de mundo e treinamento militar.
Mas que reinvidicava aumento de salários e melhores condições de trabalho para si e seus companheiros de caserna.
E isso durante a ditadura militar, que acabou por expulsa-lo das forças, num processo que não consigo entender, diante das graves acusações no conceito militar que sofreu e da punição e afastamento com salários e posto preservados..
Parece aquela punição para juízes ladrões, aposentam com direito a salário integral proporcional e nenhuma outra sanção.
Nesse aspecto, então, da vida pregressa do ex presidente , podemos dizer que de fato o subestimamos, sua atuação tresloucada ameaçando explodir bombas por aí, como protesto nas suas reinvidicações, mostrava uma pessoa disposta a tudo e com determinação.
Depois dele, já deputado federal eleito, outros seguiram na sua cartilha de promoção de terrorismo em campanhas salariais, sobretudo no interior das Polícias Militares espalhadas em todos os estados, praticamente todos os governadores enfrentaram greves ilegais de policiais militares, a seu tempo verdadeiras rebeliões e levantes armados.
Passados os movimentos grevistas das polícias e acordados os novos termos salariais, geralmente acompanhado de inquéritos de lideranças cometendo excessos, seguiam nas assembléias estaduais as negociações de anistias, invariavelmente passando sem problema.
Mas os líderes dessas rebeliões não passam desapercebidos, tornados heróis, ou sindicalistas fardados com serviços prestados, aproveitavam a fama e lançavam-se em eleições legislativas estaduais e federais, muitos com sucesso.
Essa a fórmula, consagrada em décadas de práticas e sempre com resultados em anistias e novas lideranças políticas.
O exército, por sua vez, manteve-se relativamente quieto nesses anos todos, eventualmente alguém da caserna arriscava uma candidatura, mas não era nem de longe páreo para os policiais militares.
Depois do golpe na Dilma e na prisão de Lula, a presença do exército começou a se fazer sentir,.com recados ao STF, ao Congresso, reintroduzindo a presença militar nas questões civis .
No velho estilo ameaçador.
Nesse ponto chegamos à vitória eleitoral do capitão.
Se no curto mandato do golpista Temer o partido militar começou a mostras as mangas , no governo do capitão assumiu com ele o governo.
E foi parceiro de ideias, planos , projetos e feitos, numa unidade total do comando das forças armadas e o governo do capitão.
Que foi um desastre ferroviário em todos os sentidos, repetindo a administração desastrosa dos militares durante o período ditatorial.
Essa a história.
Quanto a dar um golpe, no estilo 1964, com tropas e tanques nas ruas, após a derrota nas urnas para Lula, eu tenho muitas dúvidas.
Mesmo com esses vazamentos de hoje, de alguns assessores do ex planejando em conversas gravadas de celulares, derrubar um governo recém eleito antes de tomar posse.
Dos envolvidos até agora, nenhum pode ser levado a sério por irrelevantes.
Quem poderia mesmo ameaçar, não digo conseguir, mas ameaçar, um general com tropas por exemplo, não apareceu nenhum até o momento.
Quanto ao Anderson que está preso e acusado de facilitar as invasões da Praça dos Três Poderes, o objetivo dele me pareceu obter uma GLO e reforçar a presença militar no novo governo que mal assumira.
Talvez mais a frente tentariam alguma coisa se sucesso tivessem.
Lula não caiu na conversa, não chamou a GLO, Garantia da Lei e da Ordem com tropas militares nas ruas, e conseguiu com a ajuda do STF controlar a situação.
Que segue em processos e depois condenações.
O novo Chefe do GSI que trabalhou no mesmo cargo com Dilma, mas era do Alto comando na época do impeachment e durante todo o mandato do capitão Bolsonaro, assume palpitando ser contrário ao projeto que manda para a reserva Militares candidatos, eleitos ou não, e o ministro das forças o civil Múcio respondeu que se for para a política que fique por lá.
Vamos ver quem vence essa parada, esse projeto pode por um freio nessa prática de escalar nas crises militares posições políticas civis; seria bom que esse projeto vingasse.
A propósito do atual comandante do exército, foi no batalhão dele que Bolsonaro se lançou a primeira vez a presidente, que era uma piada na época .
E deu no que deu.
Braga Neto, Mourão, Etchegoyen e Heleno, principalmente, Pazzuelos e outros correndo por fora, qual a contribuição deles todos nos eventos desafortunados dos últimos anos? Onde estão e o que fazem atualmente? As investigações vão atingi-los?
O partido militar perdeu a eleição, e se não planejava um golpe clássico, certamente planejava penetrar a administração central permanentemente, exercendo os milhares de cargos e ministérios indefinidamente, usando ou o espantalho do capitão ou de qualquer um outro que consiga chegar lá novamente.
Como um autêntico partido político ocupa os cargos nas vitória e espera e se prepara para as próximas quando derrotado.
Estão por aí.