
Agora, com um relativo distanciamento, passados alguns dias e o comportamento equilibrado do câmbio com os acontecimentos internos e externos, dá para arriscar mais algumas reflexões sobre o episódio da subida repentina do dólar.
E, como observei em post anterior, começa por aí: a valorização do dólar não foi tão repentina, mas uma sequência de tentativas especulativas que acabou encontrando uma brecha retórica para se impor.
E começou não com as críticas do presidente Lula, mas com as seguidas justificativas do BC na figura do Roberto Campos Neto, que encontrou nas críticas ao equilíbrio orçamentário a repercussão várias vezes tentada anteriormente, todas no sentido de justificar as altas taxas de juros, desqualificar a condução econômica e boicotar o atual governo de quem faz oposição.
Não é o caso de relembrar todo o discurso do bolsonarista impenitente, que vem desde o início do ano e passou por desculpas sobre núcleo de inflação elevado, depois diminuição do desemprego e aumento de renda, e desaguou no desequilíbrio orçamentário. Campos Neto tem sido, talvez, o maior ventríloquo do mercado financeiro parasita que já passou na presidência do BC que me lembre.
Foi no bojo da reação a esses juros injustificados, e não é de agora, que o presidente Lula colocou a boca no trombone, meses e meses de reiteradas críticas. O que mudou recentemente e estamos tentando entender, foi que Lula encontrou nas entrevistas diárias que passou a dar nas manhãs, em rádios locais e relativamente modestas nacionalmente, uma repercussão que passou a pautar toda a mídia e melhorar os seus índices de aprovação.
Foi contra isso que veio a reação, não somente do mercado financeiro, mas de seu braço siamês midiático corporativo, ressoando uma crise inexistente, muitas e muitas vezes tentada antes, mas que encontrou uma brecha na soma de incertezas do debate sobre os juros americanos, um aumento dos alimentos no Brasil por diversos fatores e, aí sim, a retórica pesada de todos os lados sobre os rumos dos juros internos, que Campos Neto encobriu atacando o equilíbrio fiscal, no que foi seguido pela mídia corporativa.
Dessa soma de fatores, a tal crise se retroalimentou, passou a ser cada vez mais forçada e artificial, começou a incomodar todos os agentes econômicos, também o governo, e uma pausa não combinada entre os interesses de todos foi feita. Com o esvaziamento do balão especulativo, imediatamente e até o momento, assim permanece.
Subidas e descidas do dólar, infelizmente, acontecem ao bel-prazer dos interesses dos EUA; mais da metade de todo o dinheiro que circula nas bolsas de valores do mundo passa por lá, mostrando o tamanho da encrenca que é enfrentar esse monstro. E as medidas de cortes orçamentários anunciadas e o silêncio de Lula sobre o BC, nem de longe, seriam capazes de provocar e muito menos conter ataques especulativos fundamentados em crises de pagamentos ou qualquer motivo relevante interno. Como não havia o que sustentar, o balão da crise estourou e desce lentamente, enquanto Campos Neto, agora em férias, e a mídia preparam e procuram outro assunto para explorar e pressionar o governo a tomar medidas impopulares e desnecessárias, no objetivo nunca oculto de prejudicar e tentar que outro chegue ao poder para impor os programas liberais fracassados.
Me parece isso: um alinhamento de episódios desconexos e não relacionados que foram empurrados para o balaio da crise, devidamente esvaziado por excesso de peso.
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