
Com um governo Lula de volta, retornam muitas outras coisas. Uma delas é o gosto do brasileiro pela política internacional, quando passamos a escutar toda a sorte de opiniões que ficam anos e anos adormecidas. Não é ruim esse despertar, promove uma visão dos aspectos gerais do mundo, com o Brasil incluído. Fora desses momentos parece que habitamos alguma ilha perdida em mares desconhecidos.
A viagem do Presidente Lula a China animou sobretudo a imprensa comercial e seus porta vozes, desacostumados a pensar além das nossas fronteiras fazem da retórica vazia um jeito particular de ganhar a vida e ocupar espaços, pois bem, isso permaneceria assim caso nosso Presidente ficasse restrito aos acordos comerciais e algum comentário sobre a outro assunto de suas viagens, mas nosso líder não pode ser contido por essas amarras invisíveis da mediocridade e avança em temas proibidos, provocando reações não somente internas.
Os EUA e Comunidade Europeia criticaram duramente a intromissão do Presidente brasileiro quando fala da guerra da Rússia e Ucrânia, sem disfarçar a ideia de preservar para eles o monopólio das ações e das iniciativas por esse mundo.
Por parte da Rússia, diretamente envolvida no conflito, e com a presença do seu principal Chanceler em nosso território para trabalho diplomático, ouvimos agradecimentos e estímulos por promovermos a paz.
Dos motivos da guerra quase nada falam, para eles os russos provavelmente agem loucamente e sem motivos, que existem e podemos não aceitar porque a guerra não me parece solução ideal ou desejada para ninguém.
Mas guerra há e sem entender os seus motivos fica impossível buscar uma saída para um conflito dessa envergadura, e aqui poucos tem aventurado nesse caminho, ficando nosso Presidente enfrentando tanto as críticas fraudulentas internamente quanto as ameaças dos poderosos países envolvidos.
Quanto a alegações de que o Brasil precisaria defender a democracia, como dizem fazer os críticos do nosso envolvimento nesses assuntos exclusivos deles, isso mostra total desconhecimento dos princípios adotados desde sempre pelas relações internacionais dos governos Lula, de respeito a autonomia dos povos, ai incluído seus regimes políticos e suas escolhas soberanas advindas.
O que não é aceito, coerente com essa doutrina, é uma invasão de um pais por outro, não importa o motivo.
E isso tem sido dito e repetido, que a Rússia não deveria ter invadido a Ucrânia, mesmo com a ameaça de instalação de bases e bombas nucleares da Otan em suas fronteiras.
Considerando que isso tudo agora são águas passadas e uma situação real de conflito esta instalada o objetivo urgente agora é a promoção da paz, com os necessários acordos possíveis para acontecer.
Não é difícil entender a posição brasileira, pouco seria necessário, nosso problema nunca está na racionalidade e na justeza das posições equilibradas e coerentes, mas no papel que atribuem as grandes nações a si próprias e aos terceiros.
Papel que deve ser aceito.
Ou não.







