O balanço trimestral do banco Itaú revelou o lucro exorbitante de 6 bilhões, mesmo assim as ações do banco estão caindo 4% hoje.

Quem se inclina para a leitura do balanço, longe de preocupar, observa uma característica marcante desse período e que promete ter chegado para ficar: o lucro da tesouraria.

Ou seja, aplicação em títulos do governo, que renderam do total do lucro cerca de 20%.

Sem fazer nada, o banco pega o seu dinheiro e ganha uma fortuna.

Pior, você paga com seus impostos.

Há quem ensinasse que melhor que roubar um banco é fundar um.

Parece verdade.

Termino dizendo que sou filho de bancário, quando do fechamento de seus balanços se admirava todas as vezes com o lucro da tesouraria: cerca de 90%.

Não duvide!

Como digo repetidamente nesse espaço, estamos retornando ao tempo dessa miséria e da fome no Brasil.

Quando só se ganhava dinheiro quem podia especular.

O ex-ministro e ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, aproveitou a grande festa do dia do trabalhador e de afirmação de unidade a partir do nome de Lula, para comunicar que o PT poderia entrar na vaga de vice-presidente e, mais, que apoiariam Ciro Gomes nessa aliança.

Não sei de onde o Jacques tirou essas idéias, até aqui o PT tem afirmado e reafirmado, a meu ver corretamente, o nome de Lula como o candidato em qualquer hipótese e circunstância.

Essa disposição, que já expliquei aqui anteriormente, mantém as distintas alianças por todo o país, sendo, no meu entendimento, a única possibilidade de evitar uma abstenção recorde nas próximas eleições que terão as esquerdas como as principais vítimas.

Lembremos da última eleição municipal, onde a abstenção provocou dura derrota do campo progressista.

Ora, se assim é, o que move o nobre e querido Wagner?

A meu ver ele tenta criar expectativas e abrir espaço para uma opção de um nome no futuro: o dele próprio.

Eu, já disse aqui, prefiro até o nome dele ao de Haddad, porque desconfio muito dessa insistência da imprensa golpista no nome do paulista,que parecem preferir como adversário.

Embora os números de arrancada de Wagner não tenham ainda sido especulados, suponho que qualquer petista escolhido no lugar do Lula tem grandes chances de passar para o segundo turno.

Ganhar são outros quinhentos.

Enfim, sossega Wagner.

Os arautos do entreguismo ainda estão animados com as loucuras cometidas pelo governo golpista que ajudaram a criar,no front externo, mas já abandonam as esperanças de qualquer melhora no cenário econômico interno.

O desemprego e a queda generalizada do investimento, se a expectativa anterior era que estávamos estabilizados nos patamares baixos e no pós crise, já anunciam que há espaço para cairmos mais, na medida do empobrecimento acelerado no cenário de que a crise ainda não acabou.

O funcionamento do estado vai sendo comprometido rapidamente, enquanto abandonam os serviços essenciais e deixam a sociedade a própria sorte, percebem que o futuro pode trazer problemas ainda maiores de falta de recursos para cumprir compromissos previdenciários e até o balanço de dívidas externas pode começar a entrar no vermelho perigosamente.

Os números de entrada e saída de dólares, aliado ao saldo comercial externo, indicam que os juros americanos podem fazer estragos nas economias mais frágeis e dependentes, nosso Brazil a frente.

Dessa terra arrasada esperamos a volta de nosso D. Sebastiao ( leu o post anterior?), que nem precusa voltar vitorioso da batalha que travou, basta estar vivo para nos ajudar a seguir em frente.

A cada dia a tarefa fica mais difícil, mais problemas vão se somando a inoperância, desonestidade, covardia e omissão das instituições do país para buscar soluções negociadas viáveis.

O nosso grande negociador está silenciado, e esse recado que nos impõem de silêncio e esquecimento não está funcionando e nem nos serve.

Não serve a ninguém, como nos mostra a realidade todos os dias.

Eles ainda não se convenceram, talvez nunca o façam, mas não importa, sabemos o rumo a seguir.

De um jeito ou de outro, chegaremos lá.

“O sebastianismo foi uma crença ou movimento profético que surgiu em Portugal em fins do século XVI como consequência do desaparecimento do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. Uma vez que não havia um corpo, acreditava-se que D. Sebastião voltaria para salvar o Reino de Portugal de todos os problemas desencadeados após seu desaparecimento.”

A esperança não pode ser confundida com alienação, sobretudo se fundada.

Esse traço de nossa personalidade que herdamos dos ibéricos, entretanto, tem prazo de validade e precisa renovar-se confrotando o desejo com a realidade.

A favor de nossas esperanças a rápida desmoralização da operação lava jato e o seu desespero em inventar processos cada vez mais descabidos e suspeitos.

A nova procuradora, igualmente, na necessidade de preservar um governo corrupto precisa disfarçar e continuar atacando o inimigo comum do judiciário, mesmo a custo alto de perda de credibilidade. Que chegou a sugerir, mesmo indicada por quem foi. Parece que a nova procuradora tem uma agenda própria, além da golpista, e uma indicação ao STF por Temer está como prioridade.

As empresas de engenharia definham na praça, com suas entranhas à mostra. No caso delas, diferente dos operadores delatores que ficaram milionários nos acordos indecentes com a lava jato, vão apodrecer e liberar o mercado brasileiro para estrangeiros. Isso,se alguém acredita em alguma obra de porte por essas bandas nos próximos 20 anos.

Mas falávamos de espera.

Porque acreditamos na espera que tem o presidente Lula em seu centro, enquanto gravitam pequenos aspirantes com grandes gargantas famintas, mas incapazes de inspirar quem quer que seja.

Enquanto o judiciário prossegue na sua caçada seletiva, criminalizando políticas de intercâmbio comercial entre países, na Argentina o exército americano já aportou para exercícios militares, coisa que faz em todo o mundo mas inédito no sul da América latina, nos faz pensar que benefício esse tipo de relação contribui a um país e que não é nem questionado, muito menos judicializado.

Mas esperamos, enquanto assistimos a derrocada das previsões mentirosas de crescimento e emprego, enquanto desabam sobre as cabeças dos mais pobres os escombros de todos os abandonos.

Se de D. Sebastião ninguém nunca soube o paradeiro, o nosso Lula sabemos bem onde está, a nossa questão é até que se faça justiça e ele possa ter sua liberdade.

E quanto tempo esperar.

Todos os conflitos sociais, para alguns, tem respostas simples.

Também problemas complexos, podem ser resumidos em algumas frases, bem como a solução.

Em qualquer hipótese, culpar a vítima é uma boa resposta.

Nesse dia, quando um prédio inteiro lotado de problemas, conflitos, disputas, abandono e negligência, desaba sobre as cabeças de uns pobres coitados, o comportamento das autoridades nem disfarçam mais a indiferença e o asco da obrigação de responder por esses incômodos.

No Brasil ser pobre sempre foi crime, incomodar com sua indigência e carestias, crime imperdoável.

Ainda não chegou a hora em que esses grupos decidam se organizar para mais que recolher migalhas e tentar sobreviver.

O duro castigo que sofreram nos séculos manteve o cabresto curto e eficiente.

Os bravos nessa terra são os que exploram.

Descem o relho, castigam o lombo, desprezam os fracos.

Quando o mundo vem abaixo e o céu despenca sobre as cabeças, nenhuma dúvida: bem-feito!

É assim.

A nossa imprensa ignora as manifestações dos trabalhadores em todo o país, sobretudo a maior e mais importante que aconteceu em Curitiba e unificou de maneira inédita as 7 centrais sindicais.

Eles assim agem desde sempre, ignorando e desprezando as festas e as iniciativas dos trabalhadores porque se sabem avalizadas pelo ignorância e alienação das classes médias, que eles mesmos promovem e é gostosamente acolhida.

Nesse dia de festas, preferiram destacar o terrível incêndio de um prédio no centro de São Paulo e espalhar notícias truncadas de que tratava-se de uma invasão promovida pelo MTST de Boulos, o que não é verdade.

Termino com uma observação sobre a maneira como encaramos a nossa realidade e suportamos o sofrimento, de maneira festiva e alegre, como todas as festas do primeiro de maio mostraram.

Tem gente importante que critica essa maneira festiva e desejaria seriedade nesses encontros porque são sérios os motivos que os promovem.

Nada mais equivocado, nosso protesto é cheio de deboche, ironia e , verdade seja dita, resignação.

Ainda não escolhemos um caminho diferente desse, cheio de dor e sofrimento.

Se vamos aguentar eternamente, não sei, dessa vez a esperança está aprisionada diante dos nossos olhos, e acreditar nela faz parte dessa espera.

Enquanto a esperança existir,  tudo fazer em sua defesa, porque ela representa o diálogo e a paz, e porque ainda dispomos delas.

Para o PT é importante esticar a corda e manter Lula candidato, o nome do grande líder mantém fiéis diferentes interesses, sobretudo no Nordeste e em MG, preservando alianças que dependem dos votos e do nome do petista para sobreviver.

O PT declarou corretamente que manterá sua aposta e convocou velhos nomes do partido para disputarem câmara e senado, deixando as vagas do executivo estadual,onde convém,  para construção de alianças.

A presença ou ausência de Lula vai definir os números dos ausentes e das abstenções, seu impedimento deverá provocar um forte desânimo e queda geral dos votos. Como já estávamos rondando  a 30% entre brancos, nulos e abstenções, acredito que chegaremos a 40% nessa soma, deixando a discussão sobre a legitimidade dos eleitos em primeiro plano.

Para o primeiro de maio desse ano espera-se um grande movimento da unidade inédita das centrais sindicais em Curitiba, essa aliança pode trazer consequências positivas se um impacto importante acontecer e animar o sofrido sindicalismo brasileiro a mais lutas.

O grupo golpista segue sem candidato e as previsões de desmanche do candidato ultra-direitista continua adiado, me parece, a essa altura, consolidada uma base de apoio ao energúmeno e violento candidato difícil de desfazer até por falta de qualidade da discussão interna e externa do entorno do fascista. Ele fica nos 18%, por aí, e só passa ao segundo turno na hipótese de enorme abstenção e nulos, que pode acontecer, como observado.

O candidato petista, Se não for Lula, também deve partir de um número próximo de 20%, o que deve ser suficiente para disputar o segundo turno.

Os demais candidatos patinam, sem idéias ou votos.

Assim, a expectativa é que muita coisa mude nesse quadro desenhado, porque é improvável que os grupos golpistas aceitem a derrota com facilidade, o que irão fazer é  desconhecido, de certo somente a disposição para o vale tudo e a baixaria, como sabemos e sofremos.

É esperar para ver e, veremos.

Um número de leitores, dentre os parcos leitores dessa modesta página, moram fora do Brasil e me surpreende a frequência com que aparecem.

Imagino que sejam brasileiros procurando opinião sobre o que acontece na terrinha, porque o que chega por lá deve deixá-los de cabelos em pé.

Não conheço colunistas, experts, jornalistas estrangeiros capazes de interpretar os acontecimentos por aqui, normalmente pautados pela imprensa brasileira, não conseguem desobstruir o caminho para a verdade dos fatos.

Por isso é muito importante que esses leitores mantenham abertas as suas possibilidades de informação e a curiosidade.

Os acontecimentos precisam ser corretamente narrados, suas consequências medidas e tudo divulgado com honestidade.

Não é requerida isenção, ao contrário do que  imaginam, o importante é ater-se aos fatos, mesmo afetados por eles.

E, todos somos.

Também é fundamental contribuir com essa divulgação, persistir na verdade é não deixando que fiquem somente nas opiniões dos conglomerados de informação, mola propulsora de negócios e divulgadores de falsas e interessadas versões.

No caso brasileiro, mais do que isso até, pilar do golpismo e um problema que a sociedade terá que enfrentar com coragem.

E, quanto mais cedo, melhor.

As origens do primeiro de maio estão nas lutas dos trabalhadores de Chigago-EUA, nas batalhas entre trabalhadores e policiais que deixaram dezenas de mortes.

Assim a tragédia marcou a data como exemplo de sacrifícios e lutas , mostrando o que deveria guiar os trabalhadores de todo o mundo.

Quase não temos mais policiais armados atirando nos trabalhadores em greves, a consciência da sociedade aprendeu durante as últimas décadas a lidar com protestos.

Curiosamente, aumentou a eficácia das forças policiais que com poucos homens treinados e equipamentos adequados, conseguem controlar e dispersar número muito superior de manifestantes.

As grandes utopias estão ausentes nas lutas dos trabalhadores em todo o mundo, e as demandas  ficaram reativas das iniciativas de governos e patrões, que detém todas as agendas.

O movimento sindical perdeu o protagonismo, mesmo grandes e escassas lideranças ficam restritas às pautas do momento e incapazes de ditar rumos.

Assim, os esforços estão dispersos, sem ideologias aglutinadoras e sem rumo, além do dia-a-dia.

Nesse mundo de serviços, entretenimento e desemprego, o sindicato operário pode ter se transformado em uma lembrança.

De qualquer maneira, para nós brasileiros, amanhã é dia de luta, porque se nos faltam ideais e apoios às demandas sociais, não nos faltam motivos.

Lula livre.

 

 

Além das descobertas inéditas relacionadas a consequências positivas do aumento real no salário mínimo, investimento público maciço subsidiado em construção de moradias e inclusão de trabalhadores formais na solução do financiamento previdenciário, também o progresso pessoal e sucesso das camadas inferiores e médias da sociedade passaram por descobrimentos.

Que sem investimento e decisivo apoio estatal o sucesso meritório entrou em crise, aparentemente insuperável.

Que os campeões das classes médias altas continuarão a repetir essa ladainha, embora dentro das residências da família que estão impossibilitados de abandonar.

Que a economia entregue aos ideais liberais – já abandonados no mundo civilizado – nos promete devolver aos anos 50.

Entretanto, porque nem tudo são espinhos, todos estão perfeitamente cientes dos fatos alencados e a movimentação crescente daqueles que resistem ao retorno puro e simples da fome e da pobreza, cresce.

Dai, desse turbilhão, veremos o futuro.

De um jeito, ou de outro.