Deixei no caminho tantas coisas
E pessoas
A memória nos salva
Quando falta
Esqueci
Que coisa boa.
Deixei no caminho tantas coisas
E pessoas
A memória nos salva
Quando falta
Esqueci
Que coisa boa.
Um país não nasce pronto e nem fica pronto nunca, segue um caminho que a história conduz, através das mãos dos homens.
Derrama sangue no processo, eventualmente, em alguns casos frequentemente, em todos os casos muito suor, sempre.
Países nao acontecem por acaso e por acaso nada acontece no país, as disputas internas e externas forjam as gerações e tornam reais o resultado delas.
Para o bem e para o mal.
Para que serve um país?
Suponho que para suprir seu povo de meios de subsistência, convívio e alimentar expectativas viáveis de progresso.
Nesse sentido, sabendo disso ou não, dividimos esse território que chamamos de Brasil.
Que é nosso!
Talvez alguns de nós precisamos lembrar de quem é o dono dessa terra, a muito nos fazem perder essa certeza.
Vale a pena voltar a acreditar nisso, se tem quem vai a Miami ou a Portugal, que seja, boa sorte a todos, devem igualmente merecer.
Os que ficamos, por precisão e necessidade, mãos às obras, parece que nesse marasmo não tem nada pra fazer.
Mentira!
Invente alguma coisa, assim fazendo, sem querer a gente vence.
O ex ministro José Dirceu é considerado o grande estrategista do Pt que possibilitou a vitória eleitoral de Lula, após três derrotas consecutivas e traumáticas.
A vida de Dirceu ainda vai ser contada em livros e filmes, porque foi um vida extraordinária, com lances difíceis de acreditar.
Mas, que é tudo verdade.
A prisão no regime militar, libertado na troca com o embaixador americano sequestrado, fuga para Cuba, treinamento guerrilheiro, operação plástica mudando o rosto e retorno clandestino ao Brasil.
Viveu escondido anos no interior paulista com um pequeno comércio, casou, teve filhos, um já deputado federal e muito parecido com ele, retornou a Cuba para desfazer a plástica e novo retorno ao Brasil no momento da abertura no fim do regime militar.
Depois fundar PT, e o resto todo mundo conhece.
O ódio a Dirceu vem de longe, e a tudo respondeu com coragem e inteligência.
Agora foi condenado à prisão perpétua, 30 anos, que na sua idade significa até a morte.
Destruir Dirceu significa destruir um herói do povo brasileiro.
Algumas imagens sintetizam momentos de maneira insuperável e, espero, inesquecível.
Faço o registro dessa foto nesse sentido, guardar na memória a vergonha de escolhermos caminhos tão iníquos e de resultados terríveis, sobretudo aos mais frágeis, e o fazemos de bom grado.
Finalizo observando que de fato o desastre era previsível, mas a foto aí de cima testemunha uma novidade, nunca tinha visto coisa igual.
O que anuncia desastres inéditos e ainda piores e desconhecidos.
O quê?
A Argentina, segundo dizem, conseguiu rolar 25 bilhões de dólares, que representa 60% do capital circulante no país, na última terça feira graças ao ingresso de dólares trazidos por abutres.
Provavelmente no bico…
Pagando as altruístas aves a taxa de 40% de juros anuais, para inflação anual estimada em 25%.
Uma conta banal e chegamos aos inacreditáveis 15% ao ano de juros reais.
Gostaria de externar inédito espanto com a grandeza matemática do fato, mas, infelizmente, sou obrigado a reconhecer que já vi taxas reais maiores, aqui mesmo no Brasil, durante uma das três quebras da nossa economia e inspirada pelo gênio Arminio Fraga.
Gênio da fancaria, bem entendido.
Ficamos assim, os abutres que já sobrevoam o nosso vizinho portenho a tempos, decidiram pousar para fazer a única coisa que fazem: comer carniça.
Alguma dúvida?
Não, não estou repetindo título, esse parece mas não é o mesmo.
Explico.
10 entre 10 analistas de economia vinculados ao mercado fingem surpresa e frustração com a manutenção da taxa Selic ontem, a expectativa de queda de 25 pontos não aconteceu.
Até agora, 11 horas da manhã, os resultados de segurar a alta do dólar também não.
Seria importante alguém entender que a alta está acontecendo por motivos alheios à vontade dos países todos, exceto os EUA que sabem o que estão fazendo quando aumentam, como agora, sua taxa de juros.
Nossos valorosos analistas, apesar da recessão, ameaça de aumento inflacionário e sem perspectivas de eleição de um candidato “deles”, estão tranquilos.
Afinal, Lula está preso e as reservas acumuladas durante o seu governo garantem a tranquilidade de todos, ao menos, até que comecem a torrar o recurso.
Percebam que, nessa hora em que estamos, todos, a única coisa, única, isolada,msolitaria, sozinha, que nos impede de cair no profundo abismo, são as nossas reservas em dólares.
Tudo o mais, já foi.
O neo petista Camilo, governador do Ceará é um homem pragmático e parece ter uma reeleição assegurada.
Seu grupo político importante é vitorioso e está incluído, observe, não disse que inclui, o do clã Gomes dos irmãos Ciro e CID.
A fala do governador cearense de atirar Lula ao mar, ou às masmorras, não exclui os petistas e propõem Haddad de vice.
A frequência com que o nome de Haddad aparece em todas essas maquinações mirabolantes precisa ser melhor analisada.
Mas, digamos, que quem falou não foi Camilo, mas Ciro, afoito com a urgência de firmar alianças.
Assim agindo, o governador que diz a candidatura Lula não passar de uma ilusão, torna realidade o que é uma possibilidade.
Mesmo grande.
O que se desenha é um quadro de capitulação, continuidade de arranjos para sobrevivência política alienando a vontade popular, não vai dar certo e agravará a crise.
E combinar o que pretendem fazer com os votos do PT, sem aval do Lula, essa sim é a maior das ilusões.
Nos tempos em que construir significava amontoar pedras, a máxima técniva construtiva consistia em utilizar tijolos nas edificações.
o que exigia, por óbvio, que alguém fabricasse os tijolos, um esforço coletivo imenso só possível aos impérios.
E seus escravos.
As obras da antiguidade que utilizaram tijolos de barro tinham um claro significado aos povos, quando um império ergue o seu custo se paga em suor e sangue.
Esse texto da edificação da torre de Babel expressa a tensão da exigência da escravidão que edifica as obras imperiais e a mudança civilizatória que opõem a cidade ao campo.
O autor se coloca ao lado da vida perdida do campo contra as cidades.
E diz que essas dividem o homem em línguas distintas e reciprocamente ininteligíveis.
Ao fundo a condenação do império que impõem sua soberba e arrogância aos povos.
Porque a torre não foi erguida ao acaso, quer mandar um recado, para ser visto e claramente entendido : não mexam conosco, somos os poderosos donos dessa terra!
Quem de longe viu, entendeu.
Ps.: essa é pra você Daniel.
Em um país como o nosso, sobretudo agora, onde são poucos e parcos os canais de cidadania, expressão e influência das suas populações sobre as decisões dos governos.
Pouca representatividade, bastando olhar os eleitos em sua maioria homens velhos,brancos e ricos.
E por essa origem distantes da realidade da gente, recolhidos nas classes de onde saem e para quem governam.
É muito importante falarmos dessa hora,eleições nesse quadro de dependência vital das ações de governo e das políticas públicas, o que é tão decisivo também para os de cima, tão importante que quase não se diz.
Todo esse frenesi, trabalho e dedicação, fingindo disputarmos pouca coisa enquanto nos levam o que conta, o que vale, deixando as conchas e os espelhos na troca.
Devemos agir, conhecer, perguntar, o que decidimos valeu, teve relevância, acontece o decidido, se prorroga e por quê.
Ver, julgar e agir.
Depois de muitos anos de consumo diário de álcool, em quantidade, o pobre alcoólatra não precisa mais do que uma ou duas doses para ficar bêbado.
Deve ter explicação, não procurei, eu vi.
Parece com um balde cheio que alguns pingos bastam para entornar.
E, como diz a música, fazer irreverências mil para as noites do Brasil.
De igual monta, com a diferença que eles tomam o porre e a ressaca é nossa, os analistas de economia insistem em tentar nos convencer, e lembrem que a cachaça é deles, dos rumos viáveis de negócios só dirigidos por ganhos financeiros.
Semelhantes aos antigos alquimistas e sua busca por moto perpétuo, por sua química que transformasse o chumbo em ouro, que nada sabiam dos átomos e nem da entropia, transformam baldes de liquidez em trilhões de um lado para o outro, de valor duvidoso, como os antigos charlatões nas praças de todo o mundo exibindo o elixir da saúde eterna.
Uns poucos pingos e transbordam em pânicos globais.
São esses tipos que estão por aí, tentando nos convencer.
Que a Argentina vai bem, o Brasil melhor, a Europa equilibrada.
Sinceramente?
Prefiro os bêbados.