É verdade que papel aceita tudo.
E programa de governo depende de quem faz a proposta – se tem responsabilidade e compromisso com o que diz -, capacidade de executar e força para implantar.
Então, depende de muita coisa, muitas além da vontade – se sincera – de quem propõem.
Outra verdade é que as diretrizes básicas que o PT anunciou como eixos de seu futuro programa, que ainda precisam ser detalhadas, fazem parte dos programas conhecidos e sempre anunciados e renovados ao longo do tempo pelo partido.
Não vejo nem novidades, percebo mais atualização das antigas idéias.
Então, pergunta o eventual e perplexo leitor, o que mudou?
Primeiro é lembrar que quem mudou foi o lado de lá, quando decidiram com o golpe rasgar a constituição e impor mudanças institucionais sem crivo e lastro legitimadores.
Resumidamente, quebraram a cara.
Até o risco de eleições canceladas não temos mais, e isso graças a uma oposição ao golpe extremamente inteligente, paciente, sábia e pacifica.
Em algum momento a saída dos golpistas foi apostar na radicalização para melar a eleição.
Radicalização que não aconteceu porque a reação ao golpe foi conduzida com muita paciência, muita coragem em apostar na democracia, na paz.
Ainda estamos nessa corda bamba, por certo, lula ainda está preso e parte importante do judiciário, imprensa e legislativo ainda de tudo fazem para impor a lógica que gestou e sustenta o golpe.
Mas alguma coisa moveu-se, e interesses específicos de cada um dos parceiros do golpe vai lentamente em direção ao curso normal.
Os do legislativo precisam da reeleição e estão empenhados nela, o judiciário ainda muito seletivo parece ter sentido o golpe de expor suas mazelas e pode buscar um meio termo daqui pra frente.
A imprensa ainda serve ao golpe, continua inviável, vai morrer abraçada a ele.
Então, a mudança das apostas desse grupo, que sonharam em exterminar o PT e suas idéias, também nisso fracassaram, e ao colocarem o partido nas cordas podem ter provocado uma mudança importante na expectativa do PT quanto ao futuro do país e de como alcançar o progresso e a soberania, que são os seus principais objetivos.
Percebam, se as idéias contidas nesse programa anunciado e que são relativamente as mesmas, o endereço e os compromissos a quem eles dirigem a proposta mudou.
Dessa vez não teve carta ao mercado, nem afagos às instituições apodrecidas.
Foi lançado um desafio.
A eles e a todos nós.
Tomara que tenhamos força para vencer e coragem para cumprir esse programa.
Porque lá está tudo que precisa ser feito para conquistarmos o nosso futuro.
Seguimos.