A Argentina e o FMI.

O Presidente do nosso pais vizinho, Fernandez, esteve ontem numa viagem relâmpago ao Brasil para encontro com nosso Presidente Lula sem agenda divulgada com antecedência.

Na saída nosso presidente explicou, meio sem explicar, o resultado da conversa entre eles anunciando financiamento para os exportadores mandarem seus produtos para a Argentina aumentando assim o comércio entre os dois países.

Assim, prosseguiu Lula, ajuda as empresas brasileiras a exportar e não seria exatamente uma ajuda a Argentina.

Hoje os jornais completam as falas do brasileiro anunciando que vai procurar o FMI pra falar sobre a Argentina, porque todos sabemos a dificuldade crescente dos vizinhos em administrar a carência de dólares e retornou ao circulo vicioso e negativo nessa difícil relação com o banco internacional.

Esse último empréstimo que contaminou a Argentina ocorreu ainda durante o governo Liberal de Macri, uma espécie de João Dória portenho, como costumava acontecer nos anos 80 e 90 por aquelas bandas, e pelas nossas idem, esses empréstimos do FMI fornecem liquidez momentânea para garantir a fuga de dinheiro dos ricos e dos estrangeiros do pais, permitindo a permuta entre a moeda nacional que afunda e o dólar que embolsam e depois retiram do pais.

Conhecemos a fundo esse mecanismo, convivemos décadas com esses empréstimos ponte e só nos livramos dessa espiral dos infernos após a administração Lula e Dilma e o acúmulo de reservas suficientes para suprir com eficiência a necessidade do uso da moeda americana no comércio internacional.

Não por menos alguns países trabalham para abandonar o dólar como intermediário entre transações comerciais, para fugir da armadilha do financiamento externo.

Pois bem, vamos ver o que vai ser possível fazer para ajudar a Argentina a fugir e superar mais essa crise cambial que tantas e tantas vezes enfrentou, porque depois que o empréstimo chega e em seguida vai embora levado pelos estrangeiros e os ricos, sobra a conta para o conjunto da população que não produz em moeda estrangeira pagar os juros e o capital desses acordos.

O governo Fernandez ficou marcado durante toda a sua duração por essa limitação, todos os esforços demostraram-se insuficientes e seu mandato caminha para o fim com agravamento crescente do quadro cambial.

Um parênteses para observar que, até onde sei, todos os presidentes que passaram pela Pandemia e enfrentaram tentativa de reeleição perderam, inclusivo o nosso aqui.

O que nem vai ser o caso de Fernandez, acossado pela crise nem pretende tentar sua reeleição.

Desconfio a essa altura dos desencontros e crescente pressão interna, com empréstimo com o FMI vencendo e negociando mais ingresso de dinheiro, acompanhado por cambio paralelo com valores lunares, que talvez Fernandez e a Argentina não tenham mais forças para esperar e uma moratória externa esteja contratada.

Isso explicaria a segurança que Lula tenta dar as empresas brasileiras para que não cessem o comércio com nosso vizinho no caso do calote acontecer.

Explica também o anúncio da conversa do Brasil com o FMI, sobre a Argentina, anunciada hoje. O termo usado na referência para esse diálogo foi garrote.

Penso que estaríamos nessa mesma situação caso não tivéssemos acumulado essa reserva em dólares nas administrações petistas anteriores, coisa não muito falada por ai e fundamental.

Coisa de sorte , diziam.

Aliás, atentem porque a sorte parece que voltou e acumulamos superávits comercias recorde em sequência.


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