Do filme de Glauber que assisti em uma amostra realizada num final de semana em BH, uma maratona de seus filmes mais conhecidos, guardei essa cena e uma frase do Corisco : matar os pobres para não morrerem de fome. A sombria determinação do trágico herói cangaceiro resume o ideal liberal desse mundo, aos pobres melhor será morrer de forma mais rápida e indolor.
Esse mote, transformado em planilhas, análises, pareceres e políticas públicas, projeto de governos e orçamento de financiamento bancário, nacional e internacional, de vez em quando enfrenta desafios, alguns na forma de conflitos físicos, mas outros em discursos racionais, lógicos, concisos, lineares, práticos e verossimeis.
Talvez por tantas qualidades torna-se impraticável.
Mas nem por isso deve deixar de ser dito, sempre que for possível e quando também não for.
Assim me parece essa viagem do nosso Lula nas terras da China, recebido com honras e retribuindo gentilezas e teses inovadoras que pretendem pavimentar caminhos futuros.
Por que o dólar, por que a guerra, por que a fome, a desordem, o subdesenvolvimento, a ignorância, o atraso tecnológico, as barreiras comerciais e culturais, os poucos recursos para o entendimento e tantos para as desavenças, por quê?
É verdade que durante a maior parte do tempo vemos os países cercados de perguntas e com poucas escolhas de soluções, mas às vezes nos deparamos com instantes diversos, como esse da viagem do nosso estadista, ele distribui bom senso, pacifica e chama ao diálogo, ao entendimento e a opção por um ganha ganha entre diferentes.
O que, saibamos, nunca é pouca coisa para escolher nesse cardápio entre nações.
Há quem diga que faz muito, outros que faz pouco, a maioria não entende.
Mas está evidente o despertar, renovado, experiente, sábio, para uma nova tentativa de viver mais alguns bons anos distribuindo trabalho e dignidade.