Lá nos anos de 1988/89 trabalhava no Banco Itaú, como engenheiro da área imobiliária.
Nessa condição de cargo comissionado participei de greve naqueles anos, que durou duas semanas.
Foi uma canseira física e mental.
Passeatas, negociações intermináveis, silêncio total na mídia, vigilância e pressões internas.
Quem já participou de greve, sabe.
A questão principal em discussão era o salário, totalmente defasado por inflação anual de 80%.
Imaginem, salário desvalorizado em 80%!
Era assim.
Importante frisar esse ponto, porque naquele ambiente semelhante ao atual, de desemprego altíssimo, me lembro que em BH girava em números absurdos de 25% e entre os jovens de 40%, fazer uma greve era um risco
altíssimo, como hoje.
Mas com a greve conseguimos reajuste de 77% no salário, partindo de 40%, que foi considerado uma grande vitória.
A questão é entender a economia, a balança das vantagens e do risco de tomar a decisão de entrar em greve e enfrentar o sistema, o banco, o patrão, em completa desvantagem em época de desemprego altíssimo como era e retornou.
O que leva o trabalhador ao confronto muitas vezes é que nas circunstâncias tanto faz trabalhar como não, quando as condições de sobrevivência estão ameaçadas.
Acuado, qualquer um reage, até por instinto.
