Onde está a nossa raiva?

Diante desse quadro desolador de golpe legislativo apoiado por toda a nossa classe média, golpe contra os pobres e a favor dos ricos, como escapar de tentar entender como é possível esse tipo de ação ainda acontecer no nosso país?

E, sem nenhuma reação importante.

Por que nós brasileiros aceitamos?

Por que setores isolados da classe média expresam indignação, sem que encontrem eco ou relevância?

Porque são isso, isoladas e sem relevância, ou alguma coisa mais, poderosa, mantém essas situações em controle tão seguro que nada nem ninguém conseguem abalar?

A única voz esclarecendo as razões desse marasmo, dessa covardia, diante desse quadro escancarado de assalto, continuado, descarado, é do sociólogo Jesse de Souza, que com seus livros e palestras, também entrevistas, tem deixado claro que as razões de nossa tolerância não reside em nenhum outro lugar que não a crueldade com que tratamos questões sociais, crueldade que o lombo sofrido dos espoliados guarda e a adesão de nossa classe média de capatazes às teses e idéias da elite econômica mais ignorante e incapaz do mundo, que é a elite econômica brasileira.

Que não tem um projeto de país e que sobrevive no assalto ao estado brasileiro, promovido pela compra do apoio político e da mídia, enquanto acusa os próprios políticos e as políticas que impõem à custa do seu dinheiro e poder, agindo em benefício exclusivo de seus interesses.

Ainda consegue situar o lugar da corrupção no estado, nos seus agentes, nos políticos, reservando ao mercado a virtude, o empreendedorismo o trabalho duro.

Quando a verdade é que agem para que esse estado, que só existe por conta da decisão dessa classe para que assim seja, só existe para ser expropriado e exlorado, com tudo e todos dentro, sem que nenhuma culpa os atinja.

Esse modelo existencial falido e insustentável é a razão de nossa miséria e jamais será possível imaginarmos uma saída positiva para o conjunto do país dentro desse estado permanente de coisas.

Onde a cruel repressão contra os pobres mantém inerte a maioria da sociedade refém.

Romper com isso não é simples, mas entender é a condição primeira para que se possa sequer pensar em um futuro distinto desse que temos.

E esse passo inaugural está dado a partir das reflexões desse grande brasileiro Jesse de Souza, que como um grande profeta descortina as verdades, tira as vendas dos nossos olhos, ilumina o nosso conhecimento.

E aguarda, com todos nós, o dia em que seremos capazes de mudar essa realidade.


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