O Desenvolvimento do nosso país sempre dependeu das empresas públicas, nosso capitalismo sempre foi incapaz de acumular o suficiente para financiar seu crescimento. Os recursos públicos foram entre nós, mais que preponderantes, praticamente exclusivos nessa tarefa.
Esse modelo, mais do que de desenvolvimento, mas de subsistência, sustentou a rapina do estado até a ponto de teses identificarem no pratrimonialismo a razão de ser da existência desse estado em simbiose com sua classe dirigente, privada e estatal.
Sem discordar da tese, porque todos conhecem famílias poderosas e numerosas onde os sobrenomes se confundem com as instituições públicas, mas aprendi na leitura do livro recente do Jessé Souza, que o cimento dessa simbiose é o preconceito e o racismo, nessa aliança vitoriosa no caso brasileiro da eterna guerra dos ricos contra os pobres.
De toda sorte, esse modelo de subdesenvolvimento ruiu no final da década de 70, iniciando o período de pouco mais de vinte anos de empobrecimento do país.
Combatido unicamente pelo estado, através de emissão e déficits crescentes que culminaram nos níveis inacreditáveis de 82% de inflação em um único mês.
Depois de sofrermos toda sorte de experiências em planos mirabolantes de combate à inflação, todos eles sob orientação rigorosa dos bancos internacionais, sobretudo o Banco Mundial e o Fmi, a inflação foi controlada com o suporte no câmbio-déficit-inflação, utilizado em toda a América latina com sucesso.
Era a época da abertura econômica entre os países, arranjo que sustentou o crescimento das grandes economias e permitiu a China acumular forças para tornar-se o gigante de agora.
Essas histórias são longas e precisei ao menos dessa introdução para afirmar algumas coisas mais.
Naturalmente o caminho que o país seguia nos traria o seguinte cenário para os dias de hoje : não mais existiriam bancos públicos, nem previdência, nem sus, nem universidades federais, nem Petrobras, etc.
O acidente de percurso se chamou Lula e PT, que nesses últimos anos deram um rumo diferente ao nosso desenvolvimento, mas tem agora sua obra em processo de acelerado desmonte.
Por assim dizer, voltamos no nosso normal de subdesenvolvidos sem nenhuma expectativa além da subsistência, nesse modelo de concentração brutal de renda nosso velho conhecido.
Agora, entretanto, agravado e sem os recursos estatais dizimados e em processo de privatização E abandono do capitalismo nacional que restava , vendido a preço vil para estrangeiros.
Desse arranjo não é difícil prever que o futuro será de choro e ranger de dentes.
Infelizmente.
